Simples x Completo: Qual Modelo De Ir Vale Mais a Pena Para o Seu Perfil?

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Entendendo a escolha entre declaração simplificada e completa

Quando chega a hora de declarar o Imposto de Renda, uma das dúvidas mais comuns é: devo escolher o modelo simplificado ou o completo? Essa decisão pode parecer pequena, mas influencia diretamente no valor final a pagar ou a receber da Receita Federal.

A boa notícia é que entender as diferenças entre os dois modelos é mais fácil do que parece. Com um pouco de organização e atenção aos detalhes da sua vida financeira, você pode descobrir qual dos dois funciona melhor para o seu caso — e até economizar no processo.

O que é a declaração simplificada do IR?

A declaração simplificada foi criada como uma forma de facilitar a vida do contribuinte. Ao invés de somar e declarar todas as suas despesas dedutíveis (como gastos com educação, saúde, dependentes, entre outros), o sistema aplica automaticamente um desconto padrão de 20% sobre os rendimentos tributáveis, limitado a um teto estabelecido anualmente pela Receita Federal.

Esse desconto substitui todas as deduções legais possíveis — ou seja, você abre mão de informar despesas, mas em troca ganha rapidez e simplicidade no preenchimento.

Vantagens da declaração simplificada

  • Mais rápida e fácil de preencher
  • Ideal para quem tem poucas ou nenhuma despesa dedutível
  • Reduz risco de erro e malha fina
  • Não exige a guarda detalhada de comprovantes (mas é sempre bom manter)

Desvantagens da declaração simplificada

  • Pode resultar em imposto maior a pagar, se você tem muitas deduções
  • O desconto de 20% tem um limite (em 2024, foi de R$ 16.754,34)
  • Você perde o direito de abater despesas reais com saúde, educação, previdência etc.

O que é a declaração completa do IR?

A declaração completa é indicada para quem teve despesas dedutíveis significativas ao longo do ano. Nesse modelo, o contribuinte informa individualmente cada tipo de gasto que pode ser abatido da base de cálculo do imposto, o que pode reduzir o valor final a pagar — ou aumentar a restituição.

Despesas com educação, saúde, previdência privada, pensão alimentícia e dependentes entram nessa conta. Mas é necessário ter comprovantes e notas fiscais guardados por pelo menos cinco anos, caso a Receita solicite.

Vantagens da declaração completa

  • Ideal para quem tem muitos gastos dedutíveis
  • Permite abater valores reais, e não apenas um desconto padrão
  • Pode resultar em maior restituição
  • Mais justa para quem investe em saúde, educação ou sustenta dependentes

Desvantagens da declaração completa

  • Mais trabalhosa de preencher
  • Exige documentos e organização
  • Maior risco de erro se as informações não forem conferidas com atenção
  • Maior chance de cair na malha fina por inconsistência de dados

Quais despesas podem ser abatidas na declaração completa?

Se você optar pela declaração completa, precisa saber exatamente o que pode ser declarado como dedução. Aqui está uma lista com os principais tipos de despesas aceitas pela Receita:

  • Despesas médicas (sem limite): consultas, exames, internações, cirurgias, psicólogos, dentistas
  • Educação (limitada): escolas, faculdades e cursos regulares (máximo de R$ 3.561,50 por pessoa em 2024)
  • Previdência privada (PGBL): até 12% da renda tributável
  • Pensão alimentícia: desde que judicialmente estabelecida
  • Despesas com dependentes: limite de R$ 2.275,08 por dependente
  • Contribuições à Previdência Social
  • Doações incentivadas: para fundos da criança, do idoso, cultura, esporte (até 6% do imposto devido)

Quanto maiores forem esses gastos, mais sentido faz optar pelo modelo completo.

Como saber qual modelo escolher?

A Receita Federal disponibiliza dentro do programa de declaração (e também no app Meu Imposto de Renda) uma simulação automática que compara os dois modelos. Assim, você pode preencher os dados normalmente e, ao final, o próprio sistema te mostra qual modelo resulta no menor valor de imposto a pagar ou maior valor a restituir.

No entanto, você precisa lançar todas as deduções válidas para que a simulação funcione de forma correta. Por isso, mesmo que vá usar o simplificado, vale a pena informar as despesas para ver se compensa mudar para o completo.

Etapas para simular os dois modelos

  1. Reúna seus documentos: comprovantes de rendimentos, despesas médicas, escolares, previdência etc.
  2. Preencha sua declaração normalmente no programa da Receita ou no app
  3. Lance todos os dados e deduções possíveis
  4. No final do processo, acesse a aba “Resumo da Declaração”
  5. Compare os valores: o sistema mostrará quanto você pagará ou receberá em cada modelo
  6. Escolha aquele que for mais vantajoso para o seu caso

Você pode alterar a escolha até o momento da entrega da declaração.

Perfil ideal para cada modelo de declaração

Declaração simplificada:

  • Pessoas com salário fixo e sem muitas despesas médicas ou educacionais
  • Jovens que estão declarando pela primeira vez
  • Quem não tem dependentes
  • Pessoas que preferem agilidade e praticidade
  • Quem não contribui com previdência privada

Declaração completa:

  • Famílias com filhos ou dependentes
  • Pessoas com gastos altos com saúde
  • Contribuintes com previdência privada tipo PGBL
  • Quem paga pensão alimentícia judicialmente
  • Profissionais autônomos com renda variável e controle de despesas

Casos práticos para ilustrar a diferença

Exemplo 1: João, 26 anos, sem dependentes, salário de R$ 4.000

  • Gastos dedutíveis quase inexistentes
  • Receita anual: R$ 52.000
  • Desconto simplificado: R$ 10.400 (20%)
  • Dedução no completo: R$ 1.500 (gastos médicos esporádicos)

Mais vantajoso: simplificado

Exemplo 2: Carla, 39 anos, dois filhos, gastos com escola e plano de saúde

  • Receita anual: R$ 85.000
  • Dedução com filhos, escola e saúde: R$ 22.000
  • Desconto simplificado: R$ 17.000

Mais vantajoso: completo

Posso mudar o modelo depois de entregar a declaração?

Sim. Caso perceba que escolheu o modelo errado após o envio, é possível fazer uma declaração retificadora. Você tem até cinco anos para retificar sua declaração, mas o ideal é fazer isso o quanto antes para evitar atrasos na restituição ou problemas com a Receita.

Basta abrir a declaração no programa da Receita, selecionar a opção de declaração retificadora, ajustar as informações e reenviar.

Dicas extras para tomar a melhor decisão

  • Não escolha o modelo antes de preencher a declaração. Lance todas as despesas e deixe o sistema comparar.
  • Evite confiar apenas em “achismos”. Muita gente perde dinheiro por acreditar que o simplificado “é sempre melhor”.
  • Organize seus documentos ao longo do ano. Use pastas no Google Drive, Evernote ou apps específicos de organização.
  • Consulte um contador, principalmente se você tiver muitas fontes de renda, dependentes ou gastos variados.
  • Cuidado com deduções inválidas. Informações erradas podem gerar malha fina.

Considerações finais

Escolher entre o modelo simplificado e o completo não precisa ser um bicho de sete cabeças. Com um pouco de atenção e organização, você pode simular as duas opções e optar pela mais vantajosa com base em dados reais — não em suposições.

Essa decisão, apesar de parecer simples, pode fazer a diferença entre pagar imposto ou receber uma boa restituição. Avaliar cuidadosamente seu perfil, seus gastos e seus documentos pode te ajudar a economizar e ainda manter sua situação fiscal em dia com a Receita Federal.